20121227

Eu quero que o tempo passe bem rápido




Eu-quero-que-o-tempo-passe-bem-rápido-mas-bem-rápido-mesmo-enquanto-eu-estiver-aqui-e-você-estiver-ai-eu-quero-acordar-meio-dia-e-dormir-as-seis-da-tarde-só-para-o-dia-parecer-menor-eu-quero-me-distrair-com-algo-tão-bom-que-faça-as-horas-correrem-sem-que-eu-me-dê-conta-eu-quero-que-o-tempo-passe-rapido-porque-eu-estou-com-muita-mas-muita-saudade-de-você-do-seu-cheiro-da-sua-boca-das-suas-mãos-da-sua-pele-dos-seus-olhos-por-isso-tempo-passe-bem-rapido-mas-bem-rapido-mesmo-e-avise-pra-ele-que-eu-ja-tô-voltando.

Eu quero que o tempo passe bem mansinho




Eu...quero...que...o...tempo...passe...bem...mansinho...mas...bem...mansinho...mesmo...quando...eu...finalmente...estiver...de...volta...porque...eu...quero...te...dar...um...abraço...apertado...e...um...beijo...de...meia...hora...pre...perder...o...fólego...eu...quero...que...o...tempo...passe...bem...mansinho...pra...eu...matar...a...saudade...do...seu...sotaque...engraçado...do...sorriso...que...escapa...meio...a...sua...seriedade...do...cheirinho...de...sabonete...quando...você...sai...do...banho...do...jeito...que...você...franze...a...testa...ao...falar...eu...quero...que...o...tempo...passe...bem...mansinho...mas...bem...mansinho...mesmo...enquanto...a...gente...se...conhece...mais...se...descobre...mais...e...se...gosta...mais...porque...eu...quero...muito...passar...muito...mais...tempo...de...mansinho...com...você.

20121204

Desprender-se



Se eu falo demais sou tagarela. Se falo de menos sou bicho do mato. Se saio arrumada sou fútil e metida, se não passo maquiagem sou desleixada. Se eu comento a novela, sou vazia. Se discuto política sou metida a intelectual. Nada de sobremesa pra não engordar. Nada de falar palavrão. Tenho que sorrir pra visita e oferecer café na xícara nova. Tenho que morrer de dor num salto 15 e usar roupa neon porque tá na moda. Não posso transar no primeiro encontro. Não posso beber um pouco mais na balada. Não posso mandar SMS pra ele. Não posso demonstrar nenhum interesse.

Senhoras e senhores, cansei! 
Não vou passar maquiagem pra almoçar no shopping. Meu cabelo seca no caminho pro trabalho. Sapatilha é muito mais confortável pra dançar na balada. Meu shortinho da C&A veste melhor que os jeans da Diesel e as sombras da Vult dão um banho nas da MAC.

Não se trata de desleixo e sim de desprender-se de certas imposições que não fazem o menor sentido. Se é pra seguir alguma regra, que a regra seja ‘me permitir’. Quero assistir os programas de TV que eu gosto e ter a liberdade de achar alguns filmes consagrados um verdadeiro pé no saco. Quero continuar lendo Kafka, Machado, Dante e Dostoiévski. E Harry Potter, Senhor dos Anéis e Revista Caras. Quero falar ‘eu te amo’ primeiro, confessar quando estiver com saudades, chamar pra sair e ser o homem da relação as vezes. Quero gritar aquela música que eu gosto sem medo de me acharem ridícula. Quero te mandar pra puta que pariu quando eu precisar.
Quero viver.

20121015

Descobertas




Passeando pela internet, li uma teoria interessante de Lacan, dizendo que “a mulher não existe”. Eu não entendo nada de psicologia (e se eu estiver errada quanto ao relato, cês me corrijam), mas achei interessante...
Quando a gente é criança e vê pela primeira vez um menino e uma menina sem roupa, a primeira coisa notável é que o homem TEM algo que a mulher NÃO TEM. E assim podemos diferenciar de fato o conceito entre homem e mulher: o homem é quem possui o algo entre as pernas e a mulher é quem tem essa ausência. Ao contrario do homem, a mulher não tem “algo” que a represente, e é por isso que ela pode inventar a sua essência.
Mulheres gostam de se diferenciar umas das outras, gostam de se sentir únicas, enquanto os homens, pelo contrário, buscam um padrão. É por isso que muitas mulheres enxergam as outras como rivais, ao passo que homens tendem a se aglomerar em grupos e seguir os padrões que aquele grupo impõe. (É alí que eles se estragam, mas essa é uma constatação minha mesmo). 

20120724

A velha nova senhora




Aqui na agência já começaram os trabalhos para campanhas políticas. E como na correria todo mundo faz de tudo, lá fui eu atender os vereadores em uma cidade do Tocantins, apesar de ser redatora.

Eles me contavam um pouco de sua história, de como decidiram se candidatar, as experiências em cargos públicos, etc. Biografia, currículo ou briefing, chamem como preferirem, o fato é que foi a melhor coisa que eu fiz. Não pelo trabalho em si (continuo preferindo escrever aqui na sala, sem contato direto com esse mundo de gente, que acaba me deixando pra lá de desorientada), mas pela diversidade de histórias que ouvi. Umas engraçadas, outras bizarras, outras que eu ficava me perguntando que raios aquele filho de uma boa mãe tava fazendo ali, se candidatando para um cargo público.

Foi no meio dos mais de 50 candidatos daquele dia que ouvi uma história que me sensibilizou.

Não estou aqui fazendo campanha pra ninguém, tampouco vou dizer o nome, cidade ou partido dessa personagem. Só estou relatando um depoimento peculiar.

Era finalzinho da manhã. A hora do almoço já se aproximava, segundo roncos do meu estômago. Já tinha ouvido histórias vazias o suficiente para ficar desiludida com os candidatos até a próxima eleição, então senta na minha frente uma senhorinha. Cabelos brancos, magra, baixinha. O tom de voz era ainda mais baixo que ela.  Lembrei da minha avó, que deixei lá nas Minas Gerais, e da saudade que eu estou dela.

Com uma lucidez de dar inveja e vigor de quem tem 20 anos, a mulher, nascida e criada na própria cidade, contava com detalhes algumas passagens históricas do município, as quais presenciou. Já foi professora de um bocado de matérias: português, geografia, desenho e educação física. Brinquei que ele era muito inteligente. Acho que hoje a gente tá tão acostumado com a especialização em uma coisa só que estranha quando encontra alguém que sabe de tudo. Ela contou inclusive, toda orgulhosa, que foi professora de desenho de todos os arquitetos da cidade. Hoje ela se dedica a dar aulas de ginástica para a terceira idade, e a cuidar dos idosos de uma forma geral. Também se formou em psicologia e psicopedagogia (ufa! Quanta coisa!).

Falou da sua vida difícil e de como superou os obstáculos e conciliou os estudos com a atividade na lavoura. Muito disso com o apoio da mãe, a quem fez questão de dar um espaço em sua biografia “coloca aí o nome dela, por favor, eu quero que escreva o nome dela e do meu pai”. E lá estavam os olhos da senhorinha cheios de lágrimas, que escorriam enquanto ela contava que o apelido do pai era “óculos de pau”, porque usou esse material para fazer o conserto, na falta de dinheiro para comprar um novo. Segurei as mãos dela, na tentativa de acalmá-la. Quase choro também.

Continuamos a entrevista. Contou que foi a fundadora da APAE daquele município, depois de viver de perto o drama da neta, que nasceu com a síndrome. “fui eu quem cuidei do tratamento psicológico dela. Ela não tem vergonha, não se acha pior que ninguém, não anda de cabeça baixa igual a maioria dos portadores da síndrome. É uma jovem feliz e sadia” dizia a avó coruja, enquanto explicava que queria fazer o mesmo pelos demais portadores de Down da cidade.

Eu comentei, no meio da conversa, que a vida dela dava um livro, sem saber que já escrevera um. “fala sobre a vida, sobre a família e sobre a criação do estado do Tocantins” ditava a senhora, pausadamente. Ainda descobri que ela faz parte da Academia de Letras da cidade, 13ª cadeira, como ela bem lembrou, rindo.

A essa altura, eu já estava impressionada. E quando achei que acabaram as surpresas, perguntei, brincando, qual era o segredo de tanta vitalidade. E ela me respondeu sorrindo “sou adepta da urinoterapia”. Achei estranho e não sabia qual reação esboçar, apenas pedí que ela me contasse mais sobre aquilo. “é anticorpo natural, me revigora e tira todas as impurezas”. Se é isso que funciona eu não sei, mas que ela é realmente uma das senhoras mais jovens que conheci, é verdade!

No final da entrevista, ainda me presenteou com o livro que ela escreveu e uma dedicatória carinhosa “para uma querida leitora”.

Em meio a algumas histórias de candidatos vazios e ambições grandes, pessoas como essa me emocionaram e trouxeram esperança de um futuro melhor e de uma política mais honesta, com gente que realmente merece à frente da população. Se eu fosse da cidade dela, o meu voto aquela senhora já tinha garantido. 

20120311

Sobre o amor e programas de milhagem






Há quem não acredite em uma relação à distância. Não sei se por medo. Por falta de confiança no outro. Por falta de confiança em si mesmo. Talvez seja preguiça de passar horas no aeroporto, horas no telefone ou horas simplesmente esperando as horas passarem. Ou então não saiba lidar com a saudade, se incomoda com ela e prefere não senti-la por mais de uma semana. Quem sabe seja tradicional demais ou tenha necessidade demais de ter alguém ali todos os dias. Ou talvez só não goste dessa coisa mesmo.

Às vezes me perguntam, nessas conversas de mesa de bar, quando a gente tá mais pra lá do que pra cá, porque raios eu fui arrumar alguém tão longe, se a cidade tá cheia, a faculdade tá cheia e inclusive o bar tá cheio de gente pra encontrar e conhecer e gostar e namorar e casar e ser feliz sem maiores dificuldades.

Mas pra nossa sorte, o conceito de dificuldade é muito relativo. Pra mim, não é dificuldade nenhuma ir às 3 da manhã para o aeroporto, enfrentar as escalas e chegar parecendo um zumbi, se no final você vai estar no desembarque me esperando com os olhos brilhando. Eu não vejo dificuldade em esperar um mês inteiro para fazer aquilo que os casais de amigos fazem todos os dias, se quando você vem os nossos programas tem significados muito maiores e cada segundo tem um gosto mais que especial. Não é difícil superar a vontade de você, se nosso reencontro é repleto de beijos cheios de saudade e abraços daqueles que me tiram do chão.

Se isso for dificuldade, não me importo de continuar passando por elas todos os dias, até que se traduzam em vontade, esforço e união, para que a gente possa, num dia de semana qualquer, participar juntos de uma conversa na mesa do bar, dessas de quando a gente tá mais pra lá do que pra cá, e contar pra todo mundo que relação à distância dá sim muito certo.

20110710

O aliviante ofício de escrever



Escrever é libertar a alma. É alfabetizar pensamentos e alimentar o papel de sorrisos e lágrimas.

Escrevo para aliviar a cabeça e acalmar o coração.

Para confessar os pecados, gritar a alegria, esquecer as angústias, compartilhar os medos.

Escrevo para despertar sentimentos adormecidos e para fazer dormir sentimentos.

Escrevo e choro, e dou gargalhadas, e suspiro de amores.

Escrevo e rasgo, escrevo e envio.

Escrevo sem nexo.

Escrevo e apago e escrevo outra vez. E apago e escrevo tudo de novo.

Escrevo para lembrar. Escrevo para esquecer.

Escrevo para mim. Escrevo para você. De você. Com você.

Escrever é dividir segredos. É fazer dos segredos nem tão segredos assim.

20110417

Aos Dezessete




Indiferente.


Indiferente. Indiferente. Legal. Bem legal. Engraçado. Idiota. Engraçado. Interessante. Esperto. Imbecil. Legal. Gentil. Engraçado. Forçado. Esforçado. Inusitado. Engraçado. Bem engraçado. Misterioso. Estranho. Fechado. Fechado. Fechado.


Filho da puta.


Imbecil. Idiota. Esperto. Bem esperto. Extremamente esperto. Desajeitado. Errado. Certo. Certo. Duvidoso. Duvidável. Desconfiado. Arrependido. Intrigante. Desafiador. Interessante. Permissivo. Aberto. Fechado. Fechado. Fechado.


Adorável.


Legal. Engraçado. Idiota. Engraçado. Complexado. Frágil. Complexado. Tímido. Misterioso. Feliz. Seguro. Porto Seguro. Tranquilo. Responsável. Irresponsável. Cuidadoso. Apaixonante. Apaixonado. Preocupado. Indiferente. Preocupado. Preocupado. Indiferente. Conciso. Seco. Fechado. Fechado. Fechado.


Desconhecido.

20110409

Sobre calças jeans e casamento



Um dia desses, combinei de encontrar o bofe no shopping. Pegaríamos um cinema e de lá a gente ia pra algum bar, como sempre fazíamos.
Meu plano era chegar um tempinho antes pra colocar meu lado mulherzinha em atividade: aproveitar o shopping em liquidação e comprar uma calça jeans nova pra mim.
Olhei em algumas lojas mas nada me agradou. Não sei pra vocês, mulheres que me lêem, mas pra mim, achar uma calça jeans legal é um TORMENTO. Tenho quadril largo e a cintura fina, um biotipo que parece ter sido excluído pelos fabricantes de roupas. Resultado: Ficam todas apertadas na perna e largas na cintura. Sonho com um jeans perfeito que eu nunca encontrei - ele deve existir, mas com certeza deve custar mais que o meu dinheiro pode pagar. Enquanto não ganho na mega-sena me contento em comprar aqueles sacos de batata e pedir pra uma costureira arrumar.
No meio da minha jornada impossível, o fulano me encontra.
“E aí, o que você fez de bom aqui antes de eu chegar?”
Contei a jornada da calça jeans no melhor estilo “140 caracteres” pra ele, afinal é um homem, e homens não tem lá muita paciência pra essas coisas. Eis que recebí a seguinte resposta:
“Se você quiser continuar procurando eu te acompanho e ajudo a escolher. O shopping só fecha as 22h, você ainda tem tempo”.
Parei. Olhei pra ele incrédula. Cheguei a pensar que eu não tinha ouvido direito.
Um ser do sexo masculino estava se oferecendo de LIVRE E ESPONTÂNEA VONTADE pra me ajudar a escolher roupa no shopping? Esqueçam aquele papo de ganhar na mega sena. Isso sim é um bilhete premiado.
Ainda sob o efeito atordoante daquela pergunta, logo emendei o papo com outra, sem nem ligar para a inversão de papéis que eu acabara fazendo:
“VOCÊ NÃO EXISTE! NÃO QUER CASAR COMIGO NÃO?”
Como era de se esperar, ele me olhou com aquela cara de É ÓBVIO QUE NÃO, mas pouco me importa. Eu pediria outra vez. Homens assim a gente não encontra todo dia.

20110201

Carta ao Pai

"Liebster Vater
(...) Und wenn ich hier versuche, dir schriftlich zu antworten, so wird es doch sehr unvollständig sein, weil auch im Schreiben die Furcht und ihre Folgen mich dir gegenüber behindern, und weil die Größe des Stoffes über mein Gedächtnis und meinen Verstand weit hinausgeht."
- Carta ao Pai. Franz Kafka -



Se eu não esperar

Que você me busque no colégio

Que lembre do meu aniversário

Que me chame pra almoçar


Se eu não me importar

Por não mandar eu arrumar o quarto

Não me obrigar a estudar

Ou cuidar do cachorro


Se eu não quiser

Os parabéns pelo vestibular

O seu Feliz Ano Novo

Ou um tênis no Natal


Se eu não desejar

Que conserte meu patins quebrado

Que chame pra lavar o jipe

Ou me ensine a andar de bicicleta


Se eu não fizer questão

De dançar valsa com você nos meus 15 anos

Ver você na formatura da escola

Ou contar que consegui um emprego


Se eu não precisar de atenção, de carinho ou de abraço

Se eu não esperar nada, absolutamente nada.

Se te achar um filho da puta.


Serei mais forte. Iniludível.

Saberei me defender.

Nada passará pelo meu escudo de ferro.


Se eu não esperar nada

O que vier é lucro.

Mas por favor, me surpreenda?

20110123

Encena




Que traz, desertor?
Desejo, vontade
Munido de ardor
e ingênua maldade

Apetite inocente
libido velada
Anjo envolvente
da alma pelada.

20101218

ANÁFORA


Ana cansou.

Ana encheu o saco.

Ana só ouve ‘sou bom’, ‘eu sei’, ‘eu faço’, ‘sou foda’.

E quando a Ana quer falar? ‘depois você me conta’.

Ana não quer mais.

Fica pra próxima.

Ana(tá)fora.

20101217

VIDA




Intersimplificanimconsidersuperadorfixidealizcri
condendedicativexperimentampli
comunicreatr
pir
AÇÃO



*Texto feito para o desafio 'PIRAÇÃO' do PSVSite. Publicado em set/10

20101126

Auréola



Era vistosa e dourada.
O Sol, quando batia nela, irradiava uma luz branca forte o bastante para irritar os olhos.

O truque ludibriava até as almas mais espertas, impedindo-as de perceberem que aquilo que o iluminar encobrira era, na verdade, um par de chifres vermelhos e pontudos.

20101123

Mercearia




- Oi, me dá um pacotinho de Amor, por favor?

Procurei, procurei. Olhei em todas as gôndolas.
Nem lembro a última vez que me pediram Amor, mas sabia que tinha aqui em algum lugar.
Achei. Estava lá no fundo, escondido atrás de uma caixa de Orgulho em Pó.
Entreguei o pacote meio empoeirado pra ela, que sorriu, agradeceu e foi embora.
Estranho. Em outros tempos, Amor nem parava nas prateleiras.

20101118

A (P) ELO



AMARELO
AMAR É
AMAR
ELO

A eterna desavença entre o beija flor e o bem-te-vi



Ela é beija-flor
na espreita do cheiro
exala paixão
exala amor

Mas sou bem-te-vi
eu vi teu anseio
com tudo ela veio
nunca-mais-te-vi

Dia de chuva


Chove tão forte
Lá fora e aqui dentro
Não sei se lamento
Ou remo pro Norte

Te juro eu tentei
Costurar a nuvem
Como eu costurei
Minh’alma pra sorte

20101116

Das Jujubas


Se as situações indescritíveis da vida tivessem que se materializar em algo, com certeza seria em um pacote de jujubas daqueles bem coloridos. Jujubas são um apanhado de coisas boas do mundo. São sentimentos. São estados de espírito (estado de espírito tem cor, sabia? Cor de jujuba).

Jujuba vermelha, por exemplo, é borboleta na barriga quando a gente tá apaixonado, é chocolate na TPM, montanha-russa que vira de cabeça pra baixo. É aquela travessura que você sabe que não pode fazer, mas faz mesmo assim. Jujubas vermelhas são sempre as primeiras a sumirem do pacote, talvez porque convidem pras emoções mais fortes. Não sei se a gente que as chama, ou elas que chamam a gente.

Jujuba roxa é tão gostosa que parece doce feito por vó (tenho pra mim que vovós compartilham de um tempero mágico que faz tudo ficar de-li-ci-o-so). É risada de criança, é o bater de asas dos anjos. É colo de mãe e cafuné do pai. Jujubas roxas são mais bem saboreadas quando intercaladas com as vermelhas. Elas dão conforto e segurança – e isso é tudo que a gente precisa pra dosar a adrenalina das jujubas anteriores sem, no entanto, podá-las.

Já a jujuba amarela tem gostinho de fim de semana com sol. É catar conchinha na praia, churrasco e piscina com os amigos. É deitar na grama e procurar desenho na nuvem, dar banho no cachorro, brincar de fazer bolha de sabão. Jujuba amarela é pau pra toda obra. É alegria em pedacinhos, é remédio pra alma.

As jujubas verdes são as renegadas do pacote. Aquelas que a gente deixa por último (mas que não deixa de mandar pra dentro). É aquela situação chata que a gente enfrenta, mas que, depois que passa, vê que não foi tão ruim nem tão difícil assim. É um dia azedo de trabalho que traz mais conhecimento e experiência. É a DR com o namorado que acaba melhorando a relação. É perceber que tudo tem uma razão de ser, e que isso faz parte da vida. É superar os obstáculos pra então poder abrir um novo pacote, cheio de novas jujubas coloridas.